I
Eu moro na cave e os meus lençóis estão sempre molhados
Oh húmidos sonhos em que resvalo
Oh fresco pijama em que me embalo
As escadas que sobem em direcção à luz cheiram a mofo e a velho
Por isso adormeço agarrado à liquefação do tempo
Oh podre tédio
Quem me dera ter um piano que soltasse notas ensopadas…
O suor que ramifica nas toalhas e em vão chora sobre a pele
E um chulé húmido que eternamente se desprende das paredes
II
Sempre sonhei ser revendedor da Avon. Acordar tarde, demorar na toilette e sair para o Verão envolto numa aura de aloé vera a impingir cremes e perfumes com extrema delicadeza e o melhor de tudo seria aplicar loções na parte visível das costas das meninas.