Pergunto sem destinatário onde está ela?
Retorna-me um caos de ruídos sem resposta,
Como não destrinço nos ecos paradeiro dela.
Resta-me tentar de novo mas com a alma exposta.
Provo os olhos,
abro a pele,
oriento o nariz,
inspiro os ouvidos,
dispo a boca.
Misturo tudo e dou de novo,
mas ela insiste em não retornar.
À minha volta tudo é um estorvo.
Nem uma rima consigo encontrar.
Releio Kipling, Milton e Poe.
Absorvo Pessoa, Homero e Camões.
Devoro Yeats e Blake mas estou
sozinho entre tantos panteões.
Para onde quer que seja que me vire,
só vejo reminiscências de um passado.
Suplico fervorosamente que alguém me tire
deste labirinto de youtubes e facebooks por todo o lado.
Nas faculdades o cenário é cinzentão.
Nas escolas é claramente um fardo.
Nas nossas vidas é tal o apagão,
que a que existe destoa mais q'os outros três do Ricardo.
Eis que vislumbro ao longe um cadeirão,
ladeado de candeeiro e leite quente.
Avanço para ele de livro na mão,
Contudo, era apenas uma visão da minha testa ardente.
Que posso fazer contra esta situação?
Talvez escrever no papel ou teclar com energia,
e procurar no meu coração,
onde é que pára a Poesia!