Urro de dor!
Dor essa
que me
atravessa,
que me
trespassa,
que me
retraça,
que me
colhe,
de uma só vez,
o fôlego,
a lucidez,
a vontade,
e no âmago
nasce-me
uma pontada,
um tal tormento
que alma cá dentro
fica descarnada
e fico sem querer,
sem alento
para viver mais um momento
ou minuto,
até segundo
que a dor é tal
que um breve instante
fica intemporal.,
fica intermitente:
É de repente
e simultaneamente
também para sempre,
ardente e ininterruptamente.
Fico acordado
para o mundo fechado
num estado
encaracolado
com epicentro
doloroso
dentro do meu ser
que se contorce
e se retorce
num tremer
de nervos mutilados,
arrancados,
fragmentados,
dilacerados
e que sem poder qualquer outra coisa fazer
se deixa estar quieto e grita até morrer.