<!--fonto:Arial--><span style="font-family:Arial"><!--/fonto--><!--sizeo:2-->[size=85]<!--/sizeo-->Hoje obriguei-me a ponderar sobre o que tenho escrito. Alguém que prezo mais que tudo avivou-me os sentidos para o facto de a minha escrita ser pessimista. Ser uma escrita pesada, complexa, até um pouco tortuosa que incide essencialmente sobre temáticas negativas. Até aqui estava 5 a 0. Engoli cada um destes nodosos sapos. Penso que tenha marcado um golo de honra quando respondi que, apesar do género iminentemente trágico-desesperado, suava as estopinhas para incluir nos meus textos uma vírgula que fosse de esperança ou um ponto final com o brilho de um raiozinho de luz na escuridão. De qualquer maneira, estava a perder. Sou, no fim de contas, um arauto da desgraça numa floresta de arautos roucos por tanto gritarem (pela?) a crise. Carrego uma bandeira de tristeza imperceptível contra um céu retalhado a panos cinzentos que exaltam a miséria que há-de vir. Represento a cauda de uma geração que anda há gerações a manifestar a revolta de que foram gerados para algo melhor que o que fizeram, fazem e farão.<!--sizec-->[/color]<!--/sizec--><!--fontc-->[/color]<!--/fontc-->
<!--fonto:Arial--><span style="font-family:Arial"><!--/fonto--><!--sizeo:2-->[size=85]<!--/sizeo-->Até este ponto o exercício foi custoso mas rápido. A evidência da situação derrubou-me o ego que pensava estar montado num cavalo de ideais e valores mais altaneiros e de extrema importância. Pela primeira vez questionei-me se este fado que tanto me enfada estará mesmo destinado ou se se destina apenas a ser alterado pela minha força de vontade. Foi, então, que começaram as lágrimas. Não de tristeza que essa ficou presa ao papel das minhas linhas passadas. Não de emoção pela beleza e alegria que os meus próximos escritos poderiam estar a exalar. Mas antes pela dor e esforço que me seca a imaginação na vã tentativa de espremer uma gota de optimismo para um papel branco de receptividade. Tenho todo um lençol para me enrolar com o felicidade num abraço revitalizador de esperança no futuro. Mas nada. Fico ali, quieto e contrafeito, a olhar para a tábua rasa. A minha mão esquerda, talvez comandada por um hemisfério mais resoluto, pega na irmã e obriga-a a desempenhar a sua função. A caligrafia sai carregada pela força a duplicar. Duplicar não. Triplicar pois o espirito une-se na tarefa de escrever estas linhas que agora lêem.<!--sizec-->[/color]<!--/sizec--><!--fontc-->[/color]<!--/fontc-->
<!--fonto:Arial--><span style="font-family:Arial"><!--/fonto--><!--sizeo:2-->[size=85]<!--/sizeo-->Sustenho-me a admirar a obra feita. Conto esperança duas vezes. Com mais esta, três. Será que algo está a mudar? Será que finalmente terei pássaros a cantar ao canto da folha e terminarei com uma assinatura fresca e motivada?
Não.<!--sizec-->[/color]<!--/sizec--><!--fontc-->[/color]<!--/fontc-->
<!--fonto:Arial--><span style="font-family:Arial"><!--/fonto--><!--sizeo:2-->[size=85]<!--/sizeo-->Não!<!--sizec-->[/color]<!--/sizec--><!--fontc-->[/color]<!--/fontc-->
<!--fonto:Arial--><span style="font-family:Arial"><!--/fonto--><!--sizeo:2-->[size=85]<!--/sizeo-->Não!<!--sizec-->[/color]<!--/sizec--><!--fontc-->[/color]<!--/fontc-->
<!--fonto:Arial--><span style="font-family:Arial"><!--/fonto--><!--sizeo:2-->[size=85]<!--/sizeo-->Apesar da presença física de tão esperançada palavra, o seu significado continua ausente e escapa-se-me por entre os intervalos da semântica. Desconsolado, concluo que o que aqui tenho é um triste constatar da sua falta.<!--sizec-->[/color]<!--/sizec--><!--fontc-->[/color]<!--/fontc-->
<div align="right"><!--fonto:Arial--><span style="font-family:Arial"><!--/fonto--><!--sizeo:2-->[size=85]<!--/sizeo--> P.P.<!--sizec-->[/color]<!--/sizec--><!--fontc-->[/color]<!--/fontc--></div>
<!--fonto:Arial--><span style="font-family:Arial"><!--/fonto--><!--sizeo:2-->[size=85]<!--/sizeo--> <!--sizec-->[/color]<!--/sizec--><!--fontc-->[/color]<!--/fontc--><!--fonto:Arial--><span style="font-family:Arial"><!--/fonto--><!--sizeo:2-->[size=85]<!--/sizeo-->ps- felizmente, não está tudo perdido. Durante este passeio soturno por mim mesmo descobri a razão de tudo assim ser. Sei agora porque escrevo desta forma. Porque me detenho na angústia. Porque me trava a desilusão o dia de amanhã. Encontrei o algoritmo do meu ser e, por ironia do tal fado, não o poderei nunca revelar sob a forma de palavras escritas pois corro o risco de criar o maior paradoxo de que há memória.<!--sizec-->[/color]<!--/sizec--><!--fontc-->[/color]<!--/fontc-->