
No ano em que se comemora o 40.º aniversário da Revolução dos Cravos, a publicação de Portugal, a Flor e a Foice, até aqui inédito em Portugal, promete dar que falar.
Escrito em 1975, em cima dos acontecimentos que então convulsionavam Portugal (e que eram acompanhados com entusiasmo e apreensão pela Europa e o resto do Mundo), Portugal, a Flor e a Foice é a observação pessoal que um português culto e estrangeirado faz do seu país em mudança.
Nesta apreciação aguda e de tom sempre crítico, todos os mitos da História Portuguesa são, senão destruídos, pelo menos questionados: o Sebastianismo, os Descobrimentos, Fátima; denunciadas instituições como a Monarquia e a Igreja; e impiedosamente escalpelizado não apenas o antigo regime mas também, e sobretudo, o 25 de Abril. Com acesso a círculos restritos nos anos que antecederam e sucederam a Abril de 1974, e a documentos ainda hoje classificados, J. Rentes de Carvalho faz uma História alternativa da Revolução e das suas figuras de proa, em que novos factos e relações de poder se conjugam num relato sui generis, revelador e, no mínimo, desconcertante.
Terça-feira, 25 de Março de 2014
Portugal, a Flor e a Foice, de J. Rentes de Carvalho, já em 2ª edição
Nas livrarias desde a passada sexta-feira, o livro «maldito» de Rentes de Carvalho terá uma 2ª edição. Publicado em 1975 na Holanda, Portugal, a Flor e a Foice nunca tinha sido editado em Portugal. No ano em que se assinala o 40º aniversário da Revolução dos Cravos, este olhar heterodoxo sobre o período revolucionário está a cativar os leitores portugueses.
«Os cravos simbolizaram a esperança, mas a foice que os cortou não foi, como por um instante se temeu, ou fingiu temer, a do papão comunista, sim a dos lobos que a traziam escondida sob o disfarce de cordeiros.»
J. Rentes de Carvalho
«De início, não houve interesse em publicá-lo porque a minha visão do que se estava a passar era considerada desagradável e incómoda.»
Entrevista ao Atual
«As pessoas até aos 40, 50 anos vão ficar tristes ou assustadas com a revelação. Depois, os mais velhos, dos 60 anos para cima, vão-se dividir em duas categorias: aqueles que, contra toda a evidência, continuarão a acreditar que houve uma revolução muito bem feita e muito feliz, e os outros, que se vão dar conta de que nem tudo o que reluz é ouro.»
Entrevista ao I