Swamp Thing
“We thought that the Swamp Thing was Alec Holland, somehow transformed into a plant. It wasn’t. It was a plant that thought it was Alec Holland. A plant that was trying its level best to be Alec Holland...”
Este é o conceito chave por trás do Swamp Thing (Monstro do Pântano, para mim, que comecei a ler as histórias deste herói na tradução brasileira da editora Abril) de Alan Moore, definido logo no segundo livro escrito por este para a revista Swamp Thing: “The Anatomy Lesson”. Uma das melhores histórias de banda desenhada que eu já li.
O Monstro do Pântano é uma planta sentiente que pensava que era um homem e as histórias que Alan Moore tece para ele começam com esta revelação e continuam numa busca pessoal pela sua verdadeira identidade, humanidade e lugar no mundo. A viagem leva o Monstro do Pântano do Inferno (numa fantástica história inspirada na Divina Comédia e que é ao mesmo tempo o seu reverso, já que a amada, neste caso, está no Inferno) até ao espaço, da descoberta do amor até à morte, e respectiva ressurreição.
Através do Monstro do Pântano, Alan Moore discorre sobre temas como a poluição, a violência doméstica, o racismo, o preconceito social, o poder e abuso da lei, o orgulho e a mesquinhez de uma sociedade que se intitula civilizada. Mas fala também de perda, solidão, e essencialmente de amor. Podemos ver por trás das várias aventuras do Monstro do Pântano uma grande história de amor, tocante porque o Monstro do Pântano é uma extraordinária criação, grande não só em termos de poder mas também em termos de humanidade. É um dos heróis mais humanos que conheço e, por isso, capaz de criar uma grande empatia no leitor.
A maioria das histórias está envolvida numa atmosfera de terror, ainda que Alan Moore aqui e ali as polvilhe de algum humor (especialmente humor negro). A ironia abunda assim como o cuidado com os detalhes na caracterização das personagens e locais. Os desenhos são muito bons.
São histórias que valem a pena ler, que, no conjunto, têm um princípio e um fim, por isso não é necessário ter-se um conhecimento prévio da personagem nem a necessidade de se ler o que vem a seguir, pós-Alan Moore.
Nota: aqui só me refiro à fase Alan Moore do Monstro do Pântano mas o tópico fica aberto para qualquer fase deste herói.