Hoje, no programa Sinais, de Fernando Alves, falou-se de Venceslau de Morais (e de Camilo Pessanha, de passagem).
Fiquei interessado e vou acrescentar à minha lista de hipóteses para tratar a seguir.
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O Bernardim trará dificuldades acrescidas na comparação, dada a antiguidade da obra. A BNP tem uma digitalização de uma edição de 1554 aqui.
Eu vi essa digitialização, mas é impraticável usá-la como base para o que quer que seja (talvez como referência...). Entretanto descobri que há duas versões publicadas com diferenças significativas, e que vou ter de entender primeiro o que posso e como posso tratar, caso me decida por aí...
Retirado
daqui:
Não sabemos que forma tinha essa novela tal como saiu das mãos do autor. Há duas versões diferentes, uma de 1554, editada em Ferrara por Abraão Usque, outra de 1557, editada em Évora por André de Burgos. Diferem não só textualmente, mas também porque a segunda é muito mais extensa que a outra, pretendendo oferecer ao leitor completa e acabada a obra que na edição de Ferrara se apresenta sem conclusão. A diferença manifesta-se logo no primeiro período:
"Menina e moça me levaram de casa de minha mãe para muito longe" (1554);
"Menina e moça me levaram de casa de meu pai para longes terras " (1557).
Há na versão de Évora capítulos certamente apócrifos, mas não tem havido consenso crítico até hoje quanto ao texto genuíno de Bernardim e quanto à extensão dos textos posteriores. Contradições flagrantes entre os últimos capítulos e os primeiros denunciam que o texto eborense contém acrescentos apócrifos, e nisto convêm quase todos os críticos. Parecem-nos sem grande consistência os argumentos de José Pessanha e Álvaro da Costa Pimpão, que restringem a autoria de Bernardim, respectivamente, à primeira parte, mais os 9 primeiros capítulos da segunda parte. A análise interna torna verosímeis as hipóteses que têm como autênticos todos os capítulos até ao XXIV (inclusive) da segunda parte (António Salgado Júnior) ou ainda, além disso, alguns grupos de capítulos subsequentes (António José Saraiva). Contudo, também não se exclui a probabilidade de que a apocrifia principie justamente no capítulo XVIII da segunda parte, a partir do qual nos encontramos apenas com o texto de Évora, hipótese que tem um importante argumento a seu favor: o facto de os dois manuscritos conhecidos, um de finais do século XVI e outro, parcialmente publicado, de cerca de 1545, coincidirem com o texto de Ferrara. A titulação dos capítulos, que só aparece na edição de Évora, deve ser da responsabilidade do editor, pois, além de outras estranhezas que apresenta, está por vezes em contradição com a matéria correspondente, nomeadamente nos capítulos XVII-XIX, LII e LVII da segunda parte.