É um daqueles lugares onde os estranhos se encontram mas onde ninguém espera que aconteça algo de estranho. Fica junto a um edifício de nove andares sem varandas mais ou menos com o dobro da largura em relação à altura, cheio de vidraças escuras por onde não penetra o olhar. A um canto, uma garagem vai parindo BMs, Mercedes e Porches que aterram na estrada depois de uma língua de passeio do tamanho de uma esplanada com três mesas e cinco cadeiras. Estão quase sempre ocupadas, a maioria das vezes por idosos, depois da voltinha matinal, de jornal em punho , atrelados a cães vestidos de xadrez. Do outro lado da estrada existe um pequeno jardim. Ignorado mais pela Câmara que pelos pombos.
Os autocarros amarelos trazem gente comum, fuma-se o primeiro SG do dia por trás do anuncio de vidro e metal onde uma modelo de lingerie promove cuecas com os lábios semi-abertos.
Naquele dia, tal como,e se não me falha a memória, tal como desde sempre, saí do 543 para ligação com o 544.
Estava frio, uma paisagem descolorida de gente, caras mais e menos desconhecidas, vestidas com cores deslavadas pela gentileza da lixívia e de quem dá mais importância ao asseio que à estética.
Foi a primeira vez que a vi.