E veio o vento, forasteiro acabado de chegar de um deserto longínquo. Vento de outros dias, quente como as tuas mãos... abafou o som de soluços solitários, e secou a vontade de deixar as lágrimas caírem.
Esse vento, forasteiro, não levou o frio da tua ausência, apenas o disfarçou por um instante. Também não fez com que eu te esquecesse, e perdesse os motivos para chorar, apenas me fez ter vontade de esconder tudo, um pouco mais fundo.
Mas o forasteiro não tem culpa, veio de repente, e apenas de passagem. Não sabia das correntes que me amarram a esta folha de papel, e que me impedem de voar com ele. Também não sabia do frio que me povoava a alma, e por isso não tem noção do efeito devastador que este calor repentino vai ter nas lágrimas do futuro...