Sou o oceano e beijo com lábios húmidos as tuas costas. No meu seio albergo o tudo que é nós e num erguer titânico sou a devastação que te submete ao meu desejo.
Sou o oceano e plácido deixo-me percorrer pela suavidade da tua quilha. Maceras-me e torturas-me mas no nosso amplexo não há lugar para a dor.
Sou o oceano que o vento percorre, perdido, sem rumo e desorientado. Mas eu aqui permaneço. Não me sentes?
Os destroços dão à costa. Momentos de vidas, partidos, lixiviados e cobertos de cracas. O sal tempera o fim. Sou assim. Sou o oceano.