E assim, sem que nada o fizesse prever, deu consigo a tentar recordar-se das linhas naquele rosto; olhava para o vazio, para aquela indefinição vaga com uma quase certeza - algo que não chegava, no entanto, a ser figura. Por vezes as linhas uniam-se, transmutando-se em algo belo, melodioso e sereno - construíam um rosto que lhe despertava alegria, saudade, tristeza - tudo para voltarem a desaparecer nos momentos seguintes, diluindo-se nas transversais da sua memória.
Mas porquê? Por que deambulava a sua mente - e agora também o seu pensamento racional mais directo, a sua atenção - em torno de alguém que nem sequer conhecia? Alguém que apenas vira duas ou três vezes a tomar pequeno-almoço em frente a si no café? Da última vez, disso lembrava-se bem, os olhares haviam-se cruzado por acaso, prendendo-se como se fossem os braços de dois trapezistas em pleno voo.
Fora ele que desenlaçara o nó incomodativo.
E agora, a poucas horas de distância, lamentava por demais tê-lo feito. Desesperava por uma imagem que, de tanta ausência, teimava em não se materializar. A noite não passava, não conseguia dormir, a manhã avizinhava-se distante e o seu amor, esse, não passava de uma ideia às voltas na sua imaginação.
Sam