O nevoeiro cobre a noite apenas interrompida pelos flashes dos pirilampos devoradores do asfalto.
As ondas trazem ecos distantes da praia de Whakatane.
Os murmúrios do teu corpo completam-me os sentidos.
A seriedade das palavras é interrompida por um riso inoportuno.
A noite perdura no calor de um abraço.
Mas o Domingo vinga-se numa ressaca cinzenta que me embota os sentidos. O peito arde-me por dentro enquanto a pele é coberta por uma película insensível. Os olhos tornam-se baços. A voz perde o seu calor e os braços pendem frios, inúteis, por não terem quem abraçar. Em vão ponho a mão em concha em redor dos ouvidos para tentar captar o eco das tuas últimas palavras. Nada. Ninguém. Vazio. Os olhos procuram os ponteiros que se arrastam numa tortura lenta e impiedosa marcando a marcha lenta do tempo.
E no entanto...
o sol levanta-se todos os dias.