Bugman wrote:Manuel Alves wrote:E sempre que alguém estabelece paralelismos no sentido de colocar esse filme à altura da banda desenhada The Dark Knight Returns o Frank Miller deve sentir murros no estômago.
A forma como alguns olham para os filmes do Batman e clamam por realismo andam a roçar o idiota. Grandes plot-holes que se apontam a este filme poderiam ir direitinhos para as obras escritas, entre elas o referido Dark Knight Returns. Há sempre um certo grau de
deus ex machina, começando pelo extremo de "onde está a malta que ajudou a montar a Batcave?"
Quanto ao argumento do radar (logo o primeiro dos "plot-holes"), aparentemente o fraquinho aviao da CIA era na realidade um AWACS camuflado, daí quando a voar num local hostil, nao apresentar zonas "brancas"! Quando quem faz as "análises" começa logo por aí, entao estamos conversados sobre o seu valor...
Bugman, reformulo o que disse: sempre que alguém estabelece paralelismos no sentido de colocar esse filme à altura da banda desenhada
The Dark Knight Returns o Frank Miller deve rir-se até lhe doer o estômago.
No que toca às falhas no enredo do filme, a questão (para mim), não tem a ver com o realismo. Certa vez, eu disse ao Joe Jusko, a propósito de um desenho dele do
Hawkman, que para o tipo levantar do chão aquele cabedal todo, e conseguir voar sem problemas, ia precisar de umas asas bem maiores do que as que ele tinha desenhado. Ele respondeu-me qualquer coisa como: "logic in comics?" É claro que me ri, porque o meu comentário era, em si, na brincadeira porque, obviamente, ninguém pode ler banda desenhada e ver filmes de super-heróis com a ideia de que a realidade será o fio condutor absoluto de tudo o que será possível acontecer.
Para mim, a questão é que uma história pode ser bem ou mal escrita. A história do filme em questão é uma sucessão de remendos (sim, aquelas coisas com as quais se tapam buracos mas que não eliminam a realidade de que, por baixo dos remendos, continuam os buracos). É concebível que uma obra de ficção tenha incongruências (todas têm), quanto mais não seja pelo simples facto de que nenhum autor, por mais que conheça a obra que criou, é verdadeiramente omnisciente. É, em parte, como as malditas gralhas num texto extenso; por mais revisões que sejam feitas, pelo menos uma acaba por passar.
Como disseste, Bugman (e bem), tanto se pode apontar falhas aos filmes como às obras escritas (como eu próprio disse acima, nada é isento de falhas). Nesse sentido, não pretendi colocar a banda desenhada nem o seu autor em qualquer espécie de pedestal (nem o faço com quaisquer outras obras ou autores). O que pretendi dizer, e mantenho, é que a referida banda desenhada é (considerando as devidas diferenças de formato), no seu género, mil milhões de vezes superior ao terceiro filme da trilogia.
Gosto do primeiro filme da trilogia e o segundo é simplesmente soberbo. Se não houvesse outras razões, essas duas bastariam para eu ter um bocado de pena que o terceiro seja tão... digamos, tedioso. Se, antes de ver o filme, alguém me dissesse que eu quase iria adormecer durante o terceiro filme da trilogia (principalmente sendo fruto da mesma equipa dos dois anteriores), eu dificilmente acreditaria. No entanto, foi precisamente isso que quase aconteceu (literalmente) a meio do filme. Não tenho nenhum gosto em dizer que, no meu entender, e principalmente comparado com os dois anteriores, o filme é uma merda (não sei se a apalavra é permitida, mas é a expressão que considero mais adequada). E sempre que aparece alguém a afirmar que é o melhor filme da trilogia, considero seriamente a hipótese de essa pessoa ter visto um filme inteiramente diferente (o que, sendo o caso, peço que façam o favor de me indicar esse tal filme, porque eu também quero vê-lo e gostar de o ver).
A minha opinião não é expressada no sentido de apelidar ninguém de idiota, nem sequer vou debater a questão do quão idiota é a tendência de refutar opiniões recorrendo ao argumento (vazio) de que "A" pode não ser bom mas "B" também não é, quando "A" deve ser considerado em função exclusiva daquilo que é e não em função de quaisquer paralelismos com terceiros, que podem (ou não) ser similares. E, antes que alguém se lembre de me dizer que, então, também não é aceitável que eu compare o terceiro filme da trilogia aos dois anteriores, justifico-me com apenas uma palavra: trilogia.
Antes que esta
posta fique tão longa e aborrecida como o filme em debate, resumo: o terceiro filme revelou-se um balão cheio de ar; fez pum e a única coisa que produziu digna de nota foi que fez barulho ao rebentar (trocadilho assim-assim talvez
spoiler com o fim... ahah).