De mãos dadas, as crianças correm
Seguidas pelo barbudo e pela mãe.
Contemplando a tinta estalada da fachada,
Abrem a porta de pinho que escondia o hall.
Oca, ela recebe-os; deixa-os
deambular pelos corredores estreitos
Com perfis iluminados por lâmpadas sem candeeiro,
Soltando sussuros contidos de "Uau".
No jardim mal-cuidado abundam as pragras,
As plantas também não são regadas há meses.
Os seus olhos esbugalham-se: convencem-me
que acreditam lá poder crescer o Botânico.
O cabelo do filho voa quando ele corre
Direccionando a bola flácida ao cesto enferrujado.
Grita, e marca, e o vendedor aplaude; rola os olhos.
Os pais abraçam-se, assinam a burocracia.
Apertam as mãos sebosas: ele pega no dinheiro,
Entra na limusine ao estilo dos 80, e ri.
Pega no telemóvel e sobressai a antena:
sua voz ruidosa ergue-se, "Vendi aquela merda!"