Review da Lady, que grama bué ter coisas de borla.Para já, tenho que pedir desculpa, porque planeava entregar esta crítica à uma semana ou mais, mas que com o raio do NaNoWrimo, acabou por deixar passar durante muito tempo antes de se sentar a escrever uma review com patas e tola.
Uns avisos à navegação:
a) Escrever contos não é fácil, e mesmo quando cascar nas orelhas dos autores, admiro-os por se arriscarem não só a escrever num formato tão complexo, como também exporem-se à crítica do público. Tiro-vos o chapéu, senhores autores. Eu quase de certeza que não conseguiria fazer melhor.
b) Estas críticas vão ser brutais e mordazes. Acautelem-se. Claro que se a) tiverem gostado de algo que não gostei, ou b) forem os autores, nada disto significa que vos considero burros\idiotas\ignorantes. Opiniões são opiniões, e gostos idem aspas aspas.
c) Leto\Carina, li que te arrependeste de publicar este conto, visto a enxurrada de críticas que levaste -- não te arrependas. Aprendeste algo, coisa que nunca aprenderias se mantivesses o teu conto escondido no teu blog.Todos os bons escritores levaram nas orelhas e acabaram a fungar de depressão por criticas que levavam no início.
d) ADOREI ver um projecto que, finalmente, não fosse só SciFi. Juro, tou farta de SciFi, e cá em Portugal, o "fantástico" vai sempre ou para o terror ou para o SciFi. Chega!
e) Já li as outras críticas e fico contente de discordar com muitas das opiniões dadas. Prova que somos diferentes e tudo, e que não somos clones. Muitas opiniões = good.
f) Eu entendo que o português é uma língua altamente lírica. Ao contrário da Purple Prose em inglês, onde tenho vontade de rebolar os olhos, em português purple prose bem feita SOA muito bem. É muito fácil cair no erro de simplesmente escrever contos muito bonitos, cheios de palavrinhas encadeadas, e que soa a sonata de Mozart -- mas sem nada por trás. E por acaso, é coisa que muitos contistas fazem (e coisa que se ensina em muita oficina de Escrita Criativa). Infelizmente, ainda que muitas vezes me deixe seduzir por tal tipos de contos, no final acordo, e tenho que dizer sinceramente - "Muito estilo, pouca substância." É tipo mastigar chiclete - no inicio sabe bem, mas mais para o fim ainda tenho fome e, mais ainda, tenho dores nos queixos. E apesar de apreciar enquanto leio, no final sinto-me defraudada. Tenho a certeza que há muita gente que aprecia brincadeiras com a língua portuguesa, mesmo que não haja uma história por trás -- mas eu, infelizmente para quem gosta de escrever neste género, não. Por isso vou cascar com força a quem resume escrever contos a escrever coisas bonitas.
Primeiro, opiniões gerais:
Esta antologia foi bastante diversa em termos de qualidade. Fui surpreendida pela positiva por alguns dos contos, e no caso doutros fiquei um bocado de cara à banda com o quão maus eram -- sobretudo porque alguns desses eram consideradas os trunfos da antologia, sendo sobretudo de autores publicados.
Bom, depois de tanta conversa de chacha, vamos às Reviews, por ordem de chegada.
------------------------ FICÇÃO CIENTÍFICA------------------------
Uma breve nota: eu não gosto de SciFi, a não ser Cyberpunk. Isso pode colorir as minhas opiniões, apenas que tenha tentado ler de forma neutra, e avaliar o conto por si, e não por ser de um género que não gosto.
1)
O Pequeno Guia do Céu... - Afonso CruzEste conto padece fortemente de alínea f. Boa pesquisa, palavras elegantes e bem utilizadas, autor publicado, excelente referências -- mas nada lá dentro. Este conto sofre depressivamente do complexo de loira burra - boazona, mas nada de miolo. Fiquei com a impressão que o autor não tinha nada para contar, e decidiu atirar ao leitor nomes, referências e ideias muito "whimsical" a ver se colava e ninguém notava que não tinha história por trás. Ou se tinha, está tão enterrado, e tão profundamente que nem com o submarino se chega lá -- e olhem que li o conto duas vezes, para ter a certeza que não tinha acidentalmente saltado a história.
Nota: 
(Onde está o conto?)
2)
Natal - Carlos SilvaEste conto é engraçado de ler, ainda que o final pareça metido à força. Estranhamente, dá-me a impressão de o ter lido antes (ou algo muito parecido), exatamente com um plot-twist muito semelhante. Ao contrário do conto acima, tem cabeça tronco e membros, e, apesar da forma não estar tão boa como o conto 1, sempre tem mais substância - e apresenta um setting imaginário não tão espetacular como o anterior, mas pelo menos forte e desenvolvido.
Nota: 
(Não está nada mal).
3)
Eternidade - João VenturaConceito diferente, ideia engraçada de base -- falha apenas, na minha opinião, no "porquê". Porque é que os mestres não destroem TODO o conhecimento de uma vez por todas? Porque se dão ao trabalho de manter um agente numa biblioteca -- se era mais fácil agarrar nos livros, e queimá-los? Em vez de ficarem sentadinhos no rabo à procura de potenciais perigos sob a forma de pessoas que procuram a verdade oculta até a encontrar, porque não simplesmente usar os seus agentes para a exterminar? E pareceu-me TÃO conveniente que o moço
A impressão que deixa é que o conto foi escrito já com um final em vista, e tudo o resto foi metido à pressão para encaixar no final pretendido. Mas pelo menos tem história! (Conflicto tem muito pouco, mas já nem me queixo). E, francamente, este conto soa-me muito pouco a SciFi e mais a Fantasia Urbana. A não ser que os Imortais sejam todos aliens.
Nota: 
(Não está nada mal).
3)
A Queda de Roma... - Luis Filipe Silva.
Na minha review ao primeiro livro das Terras de Corza, referi que 3 coisas me podem fazer gostar de um livro: setting, história e personagem. Este ultimo conto, apesar de não apreciado por alguns dos outros reviewers, agradou-me bastante. Simplesmente por uma razão -- pela figura tragico-quase-cómica da personagem Morais, um político da velha guarda, sabem aqueles que nós detestamos porque são só conversa e bazófia. Todavia, o autor dotou-o de uma certa nobreza, tornando-o uma figura sim\patética. Claro, o mundo que nos apresentava uma máquina política muito mais funcional e feliz que o que temos agora seria um ideal; mesmo assim, a força da solidão do personagem é forte e isso redime-o -- ser o último de uma raça é sempre doloroso - o que torna facil gostar dele. Ainda que essa raça seja um bando de desgraçados e ladrões. A história em si é sólida e o setting também, o que me fez gostar ainda mais do conto, sobretudo com o passar da leitura onde o personagem principal começa a ser desenvolvido mais profundamente. Recomendado.
Nota: 
(Gostei. Setting desenvolvido, personagens desenvolvidas, história que causou a minha reação emocional, e moralidades em vários tons de cinza).
4)
Génesis - Apocalipse - Roberto Mendes Tou tramada, o Roberto foi quem me arranjou a maqueta da Volluspa para criticar. Bom, não sei porquê, ao ler este conto lembrei-me de um episódio do Twilight Zone, onde os humanos, pressionados por extraterrestres (que nos ameaçavam de matar) conseguem fazer um tratado de paz entre todas as nações -- apenas para descobrir que o que os aliens queriam MESMO era a guerra, e ao assinar a paz, tinham condenado o planeta terra a ser destruído. É uma homenagem a um livro de Isaac Asimov, de certa forma -- mas suspeito que o conto ganha profundidades para aqueles que o leram -- coisa que eu não fiz. Acabei por ficar num profundo estado de "meh" em relação a este conto. Nem me aqueceu, nem me arrefeceu. Visto que o problema pode ser meu (por não gostar de Ficção Cientifica que não seja Cyberpunk), vou dar o benefício da dúvida e não descascar demais-- se bem que admito que o narrador me soou a altamente paternalista e me deu vontade de o mandar pastar. Todavia, pode ter sido a intenção do autor, não quero presumir. O ponto fraco deste conto é "tell". Montes de "tell". O que vai contra o mui conhecido - "show, don't tell".
Nota: 
(Grandemente indiferente)
5)
O Dia Em Que Matei... - Rogério Ribeiro.Este conto foi tirado da antologia. Não vou, por isso, comentar (apesar que tenho MONTES de vontade de saber se as AIs eram deliberadamente programadas para soarem muito como miúdas fedelhas mimadas. Porque se eram, quem o fez devia levar duas chapadas. E como é que AIs tinham a noção de chamar pela "maezinha", se, sendo AIs, e não NIs, não teriam tido uma mãe?).
Nota:
------------------------ TERROR------------------------
Esta secção deveria ser qualificada de "Terrir", porque estes contos não metem medo. Metem... Bom, eu não queria usar o termo "nojo", mas certamente é o calcanhar de Aquiles desta Antologia.
6)
O Acorde das Almas - Carina PortugalJá foi referido aqui antes que este conto sofre de um caso agudo de "PurpleProsite". Veja-se a alínea f acima. Medo não mete, e se se conseguir ignorar a palha e os tons pseudo-góticos, pelo menos tenta ter uma história lá pelo meio (difícil de encontrar, mas está lá). A autora é nova, e este é um conto antigo -- não que isso me fizesse ser mais branda (sobretudo porque só descobri isto mais tarde) -- e, surpreendente menos consegue ser um conto melhor que os contos de algumas pessoas já publicadas. Revirei muito os olhos, verdade, e fiquei com flashbacks para a série de anime Yami No Matsuei, mas pode ter sido só algum mau contacto no meus neurónios.
Nota: 
(Eh. Menos palha, por favor, que eu não sou equídeo).
7)
Enquanto Dormias - Nuno Gonçalo PoçasPermitam-me fazer uma pequena experiência, e improvisar um parágrafo de escrita:
"A dor é muda, mas constante, e sei que enquanto ela estiver na minha vida, não poderei ser livre. Os céus cinzentos carregados, reflectem a minha dor. Águas tombando silenciosas, lágrimas, choro. Tento não a notar, tento não sentir, mas ela, donzela, dona, senhora não me deixa olvidá-la. Imploro-lhe que parta. Não me responde mas vejo o riso, trocista, cruel na sua face macia.
Chego a casa nessa noite, e novamente, não me deixa ignora-la. Cruel! Fazes parte de mim, e magoas-me tanto! Vai-te!
Como de costume, não responde. Dispo-me para o banho, mas ela está ali, comigo, ilusão ou alucinação, não me deixa esquecê-la -- belisco-a em vingança, e ela nada diz -- mas a dor tolhe-me. Nunca poderei magoá-la sem me magoar primeiro! Sou seu prisioneiro, enlouquecido com um pulsar da dor que é agora encarnada e viva. Grito, e sem notar, os meus dedos fecharam-se sobre uma tesoura, e com um golpe, corto-a da minha vida.
Sangue flui, quente, vermelho, a vida que se esvai. Nem aí ela grita.
Não faz mal, grito eu por ela, por nós, pelo fim. Porque a dor quem a sente sou eu. Toda.
Se ela ao menos me tivesse deixado...
Choro lágrimas amargas quando a vejo tombada, ensanguentada, apalermada de surpresa, no chão branco da minha casa de banho, o sangue salpicos obscenos de vida num quadro de morte.
Porque é que tinhas de encravar, unha do dedo grande do pé?!"
Este pequeno exercício serve para demonstrar o que este conto foi para mim. Um monte de palavras vazias que tanto podiam ser sobre uma relação de amor de um tampão com a sua dona, como uma alucinação, como a história de um miúdo apanhado por um casal de pedófilos. Meter frases bonitas e pseudo-intelectualóides não faz um conto, senhor Poças. Nem mesmo que use Wilde, Queiroz ou Steinbeck como inspirações.
Este é, para mim, o pior conto da Antologia -- e ganhou o mui celebrado prémio "Chachada do Ano", eleito pelo grupo de NaNoWriMos do Norte. Tendo em conta que o último escrito a ganhar isto foi "O Filho de Odin" do Zuzarte - ano passado, estamos a ver onde isto vai parar, certo? Este conto foi lido em público numa reunião dos escritores do NaNoWriMo, sem que os avisasse o que vinha aí, simplesmente pedindo a opinião deles -- a resposta foi gargalhada geral, e comentários impiedosos do princípio ao fim (houve quem achasse que o conto era parte do meu livro, e levei bocas a propósito disso).
Em suma: este conto não tem ponta por onde se lhe pegue. Não só não tem setting definido, como a história não faz sentido, e parece só estar ali para dar seguimento entre diversas cenas que o autor queria escrever. Não só é pretensioso q.b. - veja-se alínea f - mas é aborrecido, e todo o "medo" metido é apenas para titilação barata -- a violência é pouco imaginativa e aborrecida. As personagens são tão amorfas e indefinidas que podiam ser o galo de Barcelos, o leão do marquês de pombal, o marquês de pombal, o Neo. Sugiro-lhe que da próxima, arranje um editor para lhe rever o conto, não vá sair outra destas.
Nota: 
(Este conto devia ser metido num canhão e disparado para o Sol. Desperdício de árvores.)
------------------------ FANTASIA------------------------
É a secção maior do livro, e a que tinha mais contos que gostei. Também tinha chachadas, admito, mas nada que se compare ao 100% EPIC FAIL da secção de Terrir.
8)
A máquina - Álvaro HolsteinEu detesto quase tudo que o Álvaro gosta, e ele retribui. Estamos sempre pegados, e somos polos opostos em quase tudo o que se trata de gostos de literatura, e esperava desde o início que fosse odiar o conto dele.
Para minha surpresa, gostei muito -- sendo um dos 2 contos que mais gostei da antologia.
É muito conto estilo Romântico, e demora a desenvolver -- mas, considero isso uma coisa boa, porque me dá tempo para conhecer os personagens e o setting. Estava preocupada que, no final, ficasse desiludida, e o fim do conto fosse mole. Não foi, e fiquei parva de todo.
Recomendo este conto vivamente. E consegue ter momentos líricos\purple prose que não me deixaram a rebolar os olhos.
Nota: 
(Adorei, apesar que demorou o conto quase todo a aquecer-me ... é daqueles contos que compensa a espera).
9)
A Queda - Carla Ribeiro.Partilha com os dois contos da secção de Terrir o pódio dos Piores Contos da Antologia, ficando com um segundo lugar em relação à abominação do "Enquanto Dormias" (curiosamente, a Carina, a escritora com menos experiência dos três, sem nada publicado, e usando um conto velho, consegue fazer melhor figura que os outros dois).
Nota-se o estilo ligeiramente rebuscado e quiçá pretensioso de escrita que, felizmente, não chega totalmente a sofrer da alínea f. O que não gostei neste conto foi o pacing atroz, com cenas e informações desnecessárias, a cena de suicídio que, quando devia ser poderosa e marcante acabou por ser aborrecida -- porque não tive qualquer interesse no protagonista e o seu destino. Sofria também, como o conto da Carina, de uma Tell-ite aguda. Setting aborrecido e previsível, história idem, personagens chatas como a potassa.
Curiosamente, o facto do protagonista se chamar Damien não me incomodou de todo.
Nota:
10)
O Último - Joel PulgaGostei muito. Partilha o pódio com o do Álvaro para melhor conto da Antologia. Ao contrário do A Máquina, não perde muito tempo a expor informação, e comecei a gostar do conto desde o inicio -- ao contrário do do Álvaro que demorou um bocado a convencer-me. A personagem principal é a minha favorita da antologia, o tipo de personagens que adoro, o velho e último guerreiro, isolado -- e que escolhe um fim em grande em vez de se encolher num canto e esperar pelo seu destino.
O setting é tão... abruptamente diferente que torna o velho guerreiro ainda mais destacado, mais perdido, logo, aguçou logo o meu interesse.
Boa história, devidamente épica com bom plot twist, personagem principal que é o melhor que a história tem, e bom setting.
Trio perfeito.
Nota: 
(Adorei! Recomendado!)
11)
A Sala - Marcelina LeandroUm bom e sólido conto, que me entreteve de ponta a ponta, apesar de não ser o meu género. É um conto FOFINHO. Sou da opinião que a Marcelina consegue escrever e descrever crianças muito bem, e, apesar de não querer insinuar que este conto é infantil, gostava de a ver a escrever uma antologia de contos para crianças. Acho que ia ter bom resultado.
Nota: 
(muito fofinho e agradável de ler)
12)
Uma questão de lugar - Pedro VenturaEstão a ver o que me queixei noutros contos, que não tinham história que chegasse? Pois, este conto tem história a mais, e como resultado torna-se mau - forçando as coisas a correr, os personagens (sobretudo porque deveriam ser quase imortais e super inteligentes) cometerem erros estúpidos que levam ao final infeliz, e momentos extenso de "As You Know Bob". À uns tempos atrás, assisti a uma mini-palestra sobre escrever contos, e uma coisa que me disseram lá aplica-se muito aqui: não se consegue fazer um bom conto de uma história que daria uma novela completa, nem se consegue fazer uma boa novela de uma história que conseguia ser contada por inteiro num conto.
O primeiro caso aplica-se e muito seriamente, no conto maior da antologia. Apesar de ter uma boa chicha em termos de história, e um bom e solido setting, o excesso de informação torna a história má, os plot twists menos inesperados e mais "wtf?", e a vilã sofre de um sério caso de "Plot-Convenient Stupidity" - isto é, toma decisões e acções completamente tonas simplesmente porque o escritor precisa que ela o faça para conseguir levar o plot à conclusão que ele pretendia. Sabem, também conhecido como "Síndrome de Vilão James Bond". Talvez se este conto fosse uma novela conseguisse evitar estes problemas.
Por isso, não posso realmente recomendar este conto.
Nota: 
(Quantidade não é qualidade.)
13)
Vermelho - Regina CatarinoEste conto foi louvado por muitos, mas a mim deixou-me bastante indiferente. Está bem escrito, bem medido, e um conceito interessante... mas não fico de boca aberta nem me excitou para ler mais.
É o mais curto de todos os contos, está competentemente escrito, e é tudo o que posso dizer sobre ele.
Nota: 
(Grandemente indiferente)
E pronto, aqui ficou a prometida review da Lady. Espero que ninguém fique com sentimentos ofendidos pela minha brutalidade -- isto não são ataques pessoas, apenas a minha opinião, que é bastante esquisita no que toca a livros e literatura.
Á semelhança de outros, aqui fica a minha qualificação de 1 a 5 (como na escola), de acordo com a minha diversão. Admito que alguns contos a que dei uma nota menos boa estão muito bem escritos, mas isto representa o quão gostei de ler cada conto:
5 - A Máquina, O Último
4 - A Sala, A Queda de Roma,
3 - O Vermelho, Eternidade, Natal
2 - Génesis-Apocalipse, O Pequeno Guia do Céu, Uma Questão de Lugar
1 - Enquanto Dormias, A Queda, O Acorde das Almas