Boa noite,
este ritual tem algo de catártico. Faz-me descontrair postar aqui os exercícios que fiz no curso de escrita criativa.
O que deixo hoje tinha como regras:
- Começar um texto com a frase "Quando for grande, não quero ser..." (em homenagem ao texto "O Brincador" de José Álvaro Magalhães)
- Ter no seu corpo a palavra lagartixa (uma forma de piscar o olho ao mesmo texto "O Brincador")
Isto foi o que me saiu em 10 minutos:
<!--coloro:#0000ff--><!--/coloro-->Quando for grande, não quero ser adulto!
Não que ser adulto seja chato, porque não é! É apenas aborrecido. Um aborrecimento daqueles de domingo à tarde, em que sabemos que no dia seguinte é segunda e um despertador nos avisará aos berros que temos um trabalho à espera. Ser adulto é igual. Um adulto tem antes de si uma infantil sexta-feira em que tudo é novo e somos feitos de ansiedade. De seguida, vem um sábado juvenil que nos deixa ir à praia, fazer gazeta e apanhar uma bezana porque, já se sabe, é próprio da idade. Mas o adulto não! Do alto da sua Dominguite sabe que a seguir vem a velhice e por isso há que pôr um ar sério, aborrecido e exalar responsabilidade por cada poro.
Quando for grande, não quero ser adulto!
Já disse! Não quero! Prefiro que, a meio desse domingo, me interrompam a tarde aborrecida e liguem lá para casa por engano:
- Está lá? É de casa do Peter Pan?
Ao que respondo afirmativamente com a convicção que um desejo consegue ter. A voz do outro lado continua:
- É só para avisar que houve um engano Sr. Peter Pan! Afinal amanhã não é segunda! É sexta-feira! Por isso não precisas de te prefixares com "Sr." e, à noite, podes ir apanhar pirilampos para alimentares a tua lagartixa!
E pronto, já me decidi!
Quando for grande, não quero ser adulto!
Quero ser uma sexta-feira com infinitas noites de verão iluminadas por uma barriga de lagartixa repleta de pirilampos!<!--colorc--><!--/colorc-->
Urukai